quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Luz, Câmera, Poesia


A FLOR DA PELE
Ao conter-me o corpo evitando seu transbordo
Faço-me em forma no mundo das formas
Onde o sonho de ser se auto-realiza em marcas
Que o tempo impôs ou a consciência expressou

Resisti a tempestades e insolações dum tempo atroz
Quando a ventania que hoje refresca, ontem ardia
E açoitava-me não somente o corpo, mas coração
Segui no avesso de mim, errante desventurado

Mas eis me reencontrei quando a vi desabrochar
Viçosa e linda, ainda que sob sol e chuva
Sensível e forte é a flor do paradoxo da vida
Ensinando-nos a beleza do mundo, apesar dos outros

Autor: João Vitor Maués


DIVINA LIRA

Quando cantastes
Vênus e Marte se apaixonaram...
De tão Bela que é a freqüência de teu timbre
Desafiastes a vaidade de Narciso...

Quanto a mim, simples mortal
Só me resta mover meio mundo
Em busca do prazer de tua lira...
Porque sei que quando cantas
As estrelas caem do céu

Autor: João Vitor Maués


ESPERANÇA

Quando duvidei da solidão
Tive coragem e, de peito aberto, te rejeitei...
Hoje eu sei
Estou descalço
Não me restou nada
Perdi a certeza
Perdi o foco e se foi o sonho,
O que me sobrou?
A noite fria, a parede nua de José
Aquele que caminha, marcha... Para onde?
A vida hoje crua suplica pela flor da náusea
Pelo menos ela, mesmo sem todas as pétalas
Mas que brote do chão
Da terra de onde vem a vida nova
Sem medos, sem sustos
Surgindo das profundezas férteis
De um solo nu
Onde o olhar corrompido não alcança
Nem zomba, só nasci, recomeça...
Que venha plena
Que seja nova
E não duvide

Autor: João Vitor Maués


14/10/2012
Era tempo de certezas
Soubera que tinha um foco
Perseguira-o como uma caça
A ser abatida e dominada
.
Mais eis que se levantou "roda viva"
Refratando objetivos
Nos fazendo objetos
Hoje meus verbos estão todos no infinitivo
Sonhar, apaixonar,encantar, amar
E o que fora linear
Agora é só desvio

É sempre assim
Chega de mancinho, periférico
E quanto menos esperamos
Assalta-nos a existência
E vira centro

Está no meu peito
Me acompanha para todo canto
Me desconcentra
Me desconstrói
E com distinto protocolo
Me reconstrói

Jogou fora minha agenda
Tenho um novo estatuto
Escravizado? Não sei
Apenas sei de uma coisa:
Não consigo mais viver longe do teu mundo
Longe da tua vida
E do teu fascínio

Autor: João Vitor Maués